O Pagador de Promessas é um espetáculo que vai além de uma simples narrativa teatral: é um convite à reflexão sobre questões profundas como intolerância religiosa, desigualdade de gênero e as complexidades das relações de poder em nossa sociedade. Inspirado na obra homônima de Dias Gomes, a peça revisita a clássica história de Zé do Burro e traz novos olhares para temas que permanecem extremamente atuais.
A Saga de Zé do Burro
A trama acompanha Zé do Burro, um homem humilde e devoto, que decide cumprir uma promessa feita a Santa Bárbara, após seu burro de estimação sobreviver a um grave acidente. O problema surge quando a promessa, feita em um terreiro de candomblé, é rejeitada por um padre católico, gerando um conflito intenso entre o sagrado e o profano, a fé popular e a rigidez das instituições religiosas.
Além do dilema de Zé, o espetáculo destaca a figura de Rosa, sua esposa. Rosa, que inicialmente é apresentada como submissa aos padrões da época, ganha uma camada de complexidade à medida que sua busca por liberdade emocional e sexual é insinuada. O espetáculo não apenas denuncia a violência contra a mulher, mas também promove uma discussão profunda sobre o empoderamento feminino, questionando os papéis de gênero e a moralidade social.
A Criação do Espetáculo
A montagem nasceu da necessidade de abordar temas relevantes e sensíveis, como a intolerância religiosa e a desigualdade de gênero, e de provocar a plateia a refletir sobre a relação entre poder, espiritualidade e moralidade.
Para o diretor Eduardo Guimarães, conhecido por explorar narrativas que dialogam com questões sociais, “O Pagador de Promessas” é uma oportunidade de conectar o público a temas urgentes. Já a adaptação, feita por Anna Grecco, buscou ampliar as nuances da obra original, destacando o sincretismo religioso brasileiro e a luta feminina por liberdade e respeito em uma sociedade ainda marcada por desigualdades.
A Equipe por Trás da Magia
A produção é assinada pelo renomado Grupo O Fi’los de Teatro, que há 20 anos utiliza a arte como ferramenta de transformação social. Fundado por Alexandre Battel, o grupo é reconhecido por suas montagens críticas e provocadoras, que buscam informar e desconstruir preconceitos.
Direção: Eduardo Guimarães
Adaptação: Anna Grecco
Trilha Sonora Original: Anderson França
Figurinos: Ateliê Valerie
Arte Gráfica Innov Tec
O elenco reúne talentos consagrados, como Alexandre Battel, André Brian, Anna Grecco, Bruno Gambini, Felipe dos Reis, Fernando Godoy, Gabi Martelli, Kevin Melo Vieira, Marcia Reis e Paola Romero.
Elenco de Destaque
Alexandre Battel: Com 36 anos de carreira, Alexandre acumula prêmios e uma vasta experiência no teatro brasileiro. É também o fundador do Grupo O Fi’los e responsável por trazer ao palco uma interpretação intensa e emotiva do personagem Bonitão.
Anna Grecco: Atriz, diretora e adaptadora da peça, Anna possui uma trajetória marcada por grandes trabalhos no teatro nacional, como Senhora dos Afogados e Medeia. NO espetáculo interpretará Marli.
Bruno Gambini: Além de ator, Bruno é jornalista e responsável pela assessoria de imprensa do espetáculo. Sua atuação promete trazer camadas de complexidade ao universo da peça. No espetáculo trará vida a dois personagens: Secreta e Delegado.
Kevin Melo Vieira: Tem 15 anos de carreira. Divide-se entre o teatro e vídeos para redes sociais. Dentre os diretores com quem trabalhou destaca-se Ronaldo Ciambroni. No espetáculo dará vida ao personagem principal: Zé do Burro.
Personagem Bonitão (Alexandre Battel) e Secreta (Bruno Gambini)
A Música e o Cenário como Personagens
A trilha sonora original, composta por Anderson França, é um espetáculo à parte. Inspirada nos ritmos nordestinos, a música mescla sons de capoeira, atabaques e ladainhas, criando uma atmosfera envolvente que transporta o público para o universo de Zé do Burro.
O cenário simples, porém, simbólico, reforça a luta de Zé entre o campo e a cidade, o sagrado e o profano. Os figurinos, assinados pelo Ateliê Valerie, misturam elementos tradicionais e contemporâneos, destacando o sincretismo religioso e cultural que permeia a obra.
Impacto e Reflexão
Mais do que um espetáculo, “O Pagador de Promessas” é um grito por justiça e igualdade. A peça desafia o público a olhar além das aparências, a questionar dogmas e a entender que a fé pode ser tão diversa quanto o próprio Brasil.
Ao abordar questões como intolerância religiosa e violência contra a mulher, a montagem reafirma o papel do teatro como um espaço de resistência e transformação. “Queremos que o público saia mexido, refletindo sobre suas próprias crenças e preconceitos”, afirma o diretor Eduardo Guimarães.
Serviço:
Duração: 70 minutos
Produção: Grupo O Fi’los de Teatro
Redes sociais:
- @teatro.ofilos
- @brugambini
- @atelievalerie
Não perca a chance de assistir a uma das montagens mais emocionantes e reflexivas do ano. “O Pagador de Promessas” é um espetáculo que promete tocar corações e provocar mudanças.